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Adriano Araújo, coordenador do FGB, durante a apresentação da FIVV em São João de Meriti

 

25 de agosto 

Reunião da FIVV em São João de Meriti aquece proposição de ideias

sobre políticas públicas para a redução de homicídios

 

fotos: Ronaldo Bapt

 

Grande parte do secretariado da prefeitura de São João de Meriti assistiu com entusiasmo nesta quarta (23/08) à apresentação feita pelo coordenador do Fórum Grita Baixada, Adriano Araujo, sobre as intenções da Frente Intermunicipal pela Valorização da Vida (FIVV), uma junta de prefeituras da Baixada Fluminense que se compromete, num grande acordo regional, para a elaboração de planos de redução de homicídios sob a perspectiva da cidadania e dos Direitos Humanos e na forma de políticas públicas de Estado. Cada um, dentro das atribuições de suas pastas, forneceu um painel de atuações que mais dialogavam com as propostas da FIVV.

 

Iniciando a rodada de intervenções antes da apresentação da FIVV, o subsecretário de Educação do município, Helio Porto, representando o prefeito João Ferreira Neto, também conhecido como “Dr. João”, disse que, enquanto planejamento estratégico da Frente, “é necessário incluir a escola na perspectiva da garantia de direitos e valorização da vida”. “Ela precisa ser uma referência tanto de vida como de cidadania. A escola pública não é um primor de educação, mas o poder público precisa investir nela para qualquer garantia dentro da perspectiva cidadã.” Em seguida, o secretário fez um cálculo cruel, porém importante em sua ótica: como a perspectiva de determinadas famílias em comunidades pobres pode comprometer o bom rendimento dos alunos. “Mais de 65% das crianças em sala de aula na escola pública não têm pai. Ou seja, além dos problemas estruturais é preciso pensar um planejamento familiar para que a educação não seja comprometida”. Em seguida, pontuou que valorizar a vida é construir estratégias de diálogo com a população, além de políticas públicas para o desenvolvimento.

 

Major Erica Vasconcelos, representando a secretaria de segurança, disse que a pasta, junto com a secretaria de ordem pública e a de educação criaram, em parceria, um curso de multiplicadores para ajudar na ressocialização de dependes químicos na região. “Disseminando esse conhecimento aos pais, isso impossibilitará a entrada para outros crimes”, disse a major.  

 

Eva Vasconcelos, secretária de educação de Nilópolis, disse que as dificuldades são grandes nas periferias. E acrescentou que uma das preocupações da Frente deveria ser a valorização dos professores, principalmente o da rede pública de ensino. “Se fizermos algo pelos professores estaremos fazendo pelas crianças, e se houver essa preocupação na formação educacional deles, o crime recua e teremos, enfim, uma geração de jovens das nossas comunidades que não vão se sentir tão perdidos”. Ela também afirmou que há uma distribuição injusta de verbas e de responsabilidades, e afirmou que a “situação financeira em frangalhos” só ajuda a piorar qualquer proposição de políticas públicas nessa natureza. “Essa valorização do professor é uma tarefa difícil, mas estamos conjugando o verbo esperançar”, disse, encerrando a sua fala. (Veja vídeo abaixo) 

 

O coordenador do FGB, Adriano Araújo, após as considerações iniciais do secretariado, relatou o histórico de atividades da FIVV. “Os municípios não dependem da FIVV para montar as estratégias, promover a articulação de experiências entre as cidades e contribuir para a formulação de políticas públicas. Queremos é evitar o desmonte dessas estratégias que sempre decorrem de governo em governo. A FIVV chama pra si a responsabilidade de diálogo com a sociedade. A intersetorialidade dos municípios não é uma questão apenas de ordem pública, saúde ou patrulha, mas também sobre  garantias de direitos. Sabemos que se trata de um projeto ousado, mas não estamos nos valendo de triunfalismos.Temos de pensar a FIVV para além dos municípios”, explicou Araújo.

 

O assessor político do Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu, Fransérgio Goulart, ressaltou que a Frente não é apenas da sociedade civil, mas que precisa ser protagonizada pelo poder público. “Temos de pensar como essa rede vai se comportar em relação ao racismo. Temos na Baixada muita capilaridade e horizontalidade para a Frente virar política pública. É necessário uma totalidade de visões e não uma visão antagônica do que seria o certo e do errado”, disse Goulart.

 

O secretário de direitos humanos da cidade, Marcelo Rosa, ficou animado com a troca de saberes e experiências entre o FGB e o poder público. A ponto de se comprometer em fazer uma articulação com o prefeito João Ferreira Neto, de forma que os outros prefeitos da Baixada assumam o compromisso de se fazerem mais presentes nas próximas reuniões. A declaração resultou em tal impacto positivo que secretários das prefeituras de Nilópolis e Belford Roxo, presentes na apresentação das estratégias da FIVV, “disputaram” qual município seria o próximo a sediar a reunião do grupo.    

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