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30 de novembro de 2018 

Boletim da Agenda 2030

Publicação é o primeiro de uma série de informativos sobre a Região Metropolitana 

Lançamento sintetizou mensagem clara sobre o direito à vida e garantia de oportunidades para as juventudes da Baixada Fluminense. Evento contou com participação do Fórum Grita Baixada.

 

Texto: Larissa Amorim, da Casa Fluminense

Fotos: Elisângela Leite

 

 

A Casa Fluminense, o Fórum Grita Baixada e o Profec – Centro Ecumênico de Formação e Educação Comunitária lançaram a primeira edição do Boletim Agenda Rio 2030, intitulado “As juventudes da Baixada querem viver”, no último sábado (24/11) no Fórum Rio Japeri, que reuniu mais de 250 pessoas na Igreja Senhor do Bonfim, em Engenheiro Pedreira, para dialogar sobre o direito à vida e a garantia de oportunidades na Baixada Fluminense.

 

O Boletim da Agenda Rio 2030 se insere em uma estratégia de monitoramento e mobilização da Agenda Rio 2030 para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em busca de engajar os cidadãos no debate sobre a elaboração e a implementação das políticas públicas que definem melhores condições de vida. Focada no eixo de Segurança Pública e Direito à Vida, esta primeira edição trata da proposta 4.1 da Agenda sobre a redução de mortes violentas com foco na Baixada Fluminense e é fruto da construção coletiva de dois encontros presenciais que desenharam a linha narrativa e a estratégia de distribuição do boletim.

 

Com objetivo de contribuir para a mudança deste cenário de violência, a narrativa contada nas páginas do Boletim – através de artigos, tirinhas, depoimentos, matérias e dados – chama a atenção para a baixa taxa de investigação de assassinatos, a necessidade de mudar para uma lógica na política de segurança que priorize ações de inteligência, prevenção e investigação, e a qualidade da educação e garantia de oportunidade para as juventudes da Baixada.

 

O lançamento do Boletim contou com a presença da ativista Luciene Silva (Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense), da pesquisadora Gisele Fiorentino (Fórum Grita Baixada/Projeto Direito à Memória e Justiça Racial), e do pesquisador João Pedro Martins (Casa Fluminense). Junto ao impresso foi apresentado um vídeo produzido pela Quiprocó Filmes que traz a mesma mensagem e soma esforços à estratégia de difusão do material nos territórios da Baixada.

 

Durante sua fala, João Pedro defendeu que o título “As juventudes da Baixada querem viver” precisar ser entendido não só como sobrevivência, mas com uma vida plena, com mais oportunidades, mais possibilidades de escolha sobre o que ser e fazer na vida. “É muito simbólico que tenhamos começado pelo tema do direito à vida e feito esse lançamento em Japeri, uma das cidades que mais sofre com a violência no Brasil. Com o Boletim, nós buscamos contrapor o discurso que faz ativismo por mais mortes como solução. Foram quase 20.000 mortes violentas nos últimos dez anos e, dos casos de 2015, 88% não chegaram a gerar uma denúncia na justiça”, afirmou o pesquisador da Casa.

 

A pesquisadora do projeto Direito à Memória e Justiça Racial do Fórum Grita Baixada, Gisele Fiorentino, destacou que é fundamental fomentar o protagonismo da juventude negra na construção de novas narrativas sobre segurança pública e direitos humanos e a importância do enfrentamento ao racismo institucional. “Uma das principais facetas da desigualdade racial no Brasil é a forte concentração de homicídios na população negra. Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (20,5% contra 47,6%), quando o corte é por gênero, a taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras. Uma das áreas de maior violência letal do estado se concentram nos municípios da Baixada Fluminense”.

 

Dados e análises sobre o quadro de alta letalidade na Baixada são importantes para adensar e qualificar o debate, mas é fundamental que se produza sensibilização na sociedade sobre estas mortes e injustiças. Neste sentido a ativista Luciene Silva, da Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense, compartilhou no momento do lançamento o papel fundamental que o movimento cumpre ao manter viva a memória dos que se foram e ao cobrar a responsabilização dos agentes do Estado envolvidos na morte destes jovens. “Se colocar no lugar do outro, no lugar das mães e familiares é fundamental para entender esta luta. Por isso, um dos objetivos centrais da Rede é acolher, defender a valorização destas vidas e cobrar por justiça”, concluiu Luciene.

 

Ao final do lançamento no Fórum Rio Japeri, foram entregues montantes dos exemplares para parceiros e participantes do encontro para distribuição estratégica por diferentes bairros na Baixada Fluminense. No dia 2 de dezembro acontece a distribuição na Feira de Piabetá (Magé), pela Roda de Mulheres da Baixada. Ainda nesta semana os exemplares do boletim circularam nas Rodas de Rima do Centenário (Duque de Caxias), na Batalha do Raul Cortez (Duque de Caxias) e no ramal de trem Saracuruna.

 

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