Sônia Martins (segunda da esquerda para direita) e os outros debatedores na aula final do IV Curso de Extensão Mídia, Violência e Direitos Humanos na UFRJ 

19 de setembro 

Comissão Pastoral da Terra da Diocese de Nova Iguaçu discute a violência no campus da UFRJ

Sônia Martins, da CPT, e membro associada do FGB relata drama de moradores

 

A pesquisadora Sônia Martins, da Comissão Pastoral da Terra da Diocese de Nova Iguaçu e membro associada do Fórum Grita Baixada, participou da mesa Territórios em Conflito, na última aula do IV Curso de Extensão Mídia, Violência e Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na última quarta-feira (13/9). Ela relatou como a geografia política da Baixada Fluminense, em especial as regiões de Nova Iguaçu, Queimados e Japeri, se configurou numa histórica negligência do Estado, que permitiu que ocupações irregulares fossem encaradas apenas como problemas indesejáveis e nunca solucionados. “O nascimento de bairros como Vila de Cava e Lagoinha, em Nova Iguaçu, apenas espelharam o quanto os problemas habitacionais relacionados com a expansão irregular das populações periféricas nunca ocasionou nenhum tipo de preocupação do poder público e, com isso, favoreceu o aparecimento de novas disputas de poder como o tráfico e as milícias nessas regiões”, explicou Sônia.  

 

Um dos problemas relatados foram os impactos causados pela construção do Arco Metropolitano, que  tem 75 km e liga o Porto de Itaguaí a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). Ela disse que a construção do Arco em algumas localidades, como a comunidade de Marajoara, em Japeri, atrapalhou diretamente a vida dos pequenos produtores rurais em função da construção de condomínios industriais (instalações pertencentes, muitas vezes, a fornecedores de empresas e indústrias que se fixam em pontos intermediários para reduzir custos com estoques, processos e transporte de longa distância). “Por causa disso, as prefeituras estão querendo estruturar a região com postos de gasolina, pontos de reparo para os caminhões, comprometendo toda a produção de agricultura familiar que estava ali há décadas e agora está se destruindo. Os parques industriais estão mandando em tudo ali”, alerta Sônia.

 

Sua fala também relatou as origens da própria Comissão Pastoral da Terra que, em maio do ano passado, completou 40 anos de existência. “Na ocasião foi produzido um relatório chamado “O Brasil no Campo” que sistematizou 1873 assassinatos ocorridos entre 1985 e 2016. Em 2003, cerca de 70 pessoas teriam sido mortas apenas por questões relacionadas a disputa de mananciais de água. Ou seja é uma rede de solidariedade e opressão que pouco se vê na mídia.”  

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