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22 de novembro

FGB participa de ação contra o racismo

Protagonizado pela ONG Criola e Movimento Moleque, roda de conversa sobre lutas contra várias formas

de genocídio da população negra.

 

Fotos: Viviane Rodrigues Gomes

 

Fórum Grita Baixada participou, na última sexta, (17/11) do lançamento da campanha “Enquanto Viver, Luto!”, em celebração ao mês da Consciência Negra, protagonizada pela ONG Criola e Movimento Moleque, duas entidades que promovem diálogos e ações de conscientização humanitária. Foi uma tarde marcada por trágicas, porém, necessárias simbologias sobre a violência no Rio de Janeiro, em que se reuniram cerca de 50 pessoas, segundo a organização do evento, para se debater estratégias possíveis para o fim do racismo e os efeitos que ele produz no cotidiano das mulheres negras. Não por acaso, o cenário para a roda de conversa foi a entrada da Igreja da Candelária, local onde ocorreu um dos maiores massacres contra crianças e adolescentes pobres em 23 de julho de 1993, onde 8 pessoas foram assassinadas.

 

Na hora da apresentação dos presentes a roda de conversa, o jornalista do Fórum Grita Baixada, Fabio Leon, representando o projeto social, falou brevemente sobre o documentário Nossos Mortos Têm Voz, a ser lançado no início do ano que vem, e que conta com o apoio institucional do FGB, do Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu e produção da Quiprocó Filmes. O filme relata os efeitos de uma outra tragédia, a Chacina da Baixada que, em 2005, ceifou a vida de 29 pessoas nas cidades de Nova Iguaçu e Queimados. Todas as vítimas foram assassinadas a esmo por um grupo de policiais militares que estavam insatisfeitos por causa de mudanças em seu batalhão. Algumas das mães, como a hoje ativista dos direitos humanos, Ana Paula de Oliveira, da comunidade de Manguinhos, e que também compareceram a roda de conversa, foram entrevistadas pelos cineastas Fernando Sousa e Gabriel Barbosa (http://www.forumgritabaixada.org.br/cineastas-retratam-tres-realidades-sobre-o-rio-e-suas-violencias)   

 

A roda de conversa contou a participação da pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Verônica Souza de Araújo, que logo foi fornecendo um painel estarrecedor sobre o sistema público de saúde fornecido a essas populações. “As experiências de racismo na saúde pública são repetitivas. O racismo funciona como uma política pública sobre os corpos dos pretos e pretas da periferia. Para se ter uma ideia, a taxa de mortalidade das mulheres negras no sistema de saúde é 7 vezes maior do que as outras etnias. Os atendimentos são sempre à margem da qualidade do que elas merecem”, explica Verônica.  

 

Em seguida, a coordenadora da ONG Criola, Lúcia Xavier, teve a palavra e teceu algumas considerações sobre o cenário racista do país: “Essa sociedade é galgada na premissa de que é uma sociedade harmônica, mas ela não é. É uma sociedade que só produz hierarquia social, que nos fazem menos gente e que nos faz acreditar que pobreza é defeito. Nos olham como se fôssemos um defeito na origem. Que não trabalhamos direito, que não educamos direito, que não limpamos direito. Enquanto observarmos a submissão como parte de nossa origem, seremos sempre inferiores. A nossa luta é cansativa, sofrida, mas é necessária”, disse Lúcia, muito aplaudida.

 

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