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25 de junho de 2016

 

Na sexta-feira, dia 14 de junho, foi realizado na Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu um ato intitulado Audiência Pública da Frente Parlamentar em Defesa da Baixada Fluminense, convocada pelo Deputado Estadual Leo Vieira, presidente da referida Frente. 

 

Diferente do que o título do encontro sugere, não foi propriamente uma audiência pública, onde os participantes poderiam fazer perguntas, considerações ou expor suas preocupações com os rumos da segurança na Baixada Fluminense. O ato em questão foi, na verdade, uma grande campanha de divulgação e propaganda do governador do estado, Wilson Witzel para sua plataforma de militarização com o apoio do presidente ALERJ. O encontro contou ainda com o secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado, o secretário de Polícia Militar e deputados integrantes da Frente, além dos prefeitos de Nova Iguaçu e Queimados.

 

A impressão que se tinha de tal evento é que se tratava, na verdade, de um ato visando ampliar e consolidar a base de apoio político do governador, já pensando em uma futura reeleição ao governo do estado (o que foi mencionado no evento) e que, para isso, será fundamental contar com a fidelidade de deputados e de prefeitos da Baixada Fluminense que tem em Duque de Caxias e Nova Iguaçu, respectivamente, o terceiro e quarto município do Estado com maior número de eleitores.

 

Efetivamente, no campo da segurança, o que se viu foi mais do mesmo, isto é, a promessa de aumento do número de agentes de segurança na Baixada Fluminense, inicialmente em Nova Iguaçu e Duque de Caxias, por meio do programa segurança presente, aumento do número de policiais militares e também de carros, motos e armas.

 

Nada foi mencionado sobre a explosão do número de mortes de civis desde que o governador tomou posse. Quase cinco pessoas são mortas pela polícia todos os dias no Estado do Rio de Janeiro. É a maior média diária em 21 anos, desde quando o levantamento passou a ser feito. Agentes públicos, pagos com dinheiro público, matando moradores do Estado do Rio. Também não foi mencionado nada sobre o aumento do roubo em vias públicas, recém demonstrado por dados oficiais do próprio estado, por meio do Instituto de Segurança Pública

 

A política de segurança pública baseada em preparar “rambos” para a guerra só tem se notabilizado por contar perdedores e alguns poucos “ganhadores”. Perdem as famílias pobres, negras e moradoras das periferias e favelas —as principais vítimas da política de extermínio adotada pelo estado do Rio e intensificada por este governo—; perdem os agentes de segurança, que só ouvem discursos vazios sobre “heróis combatendo o mal”, mas que veem suas condições reais de trabalho se deteriorarem: praticamente não contam com apoio psicológico para as graves condições em que operam; não contam com salários dignos mediante o risco envolvido, muito menos podem ter a certeza de poder usar equipamentos e recursos que garantiriam a segurança necessária; a própria perícia criminal vem expondo as precárias condições de trabalho, explicitando os obstáculos para a eficácia das investigações que poderiam responsabilizar os homicidas.

 

Perde a sociedade em geral, que vê a economia, o trabalho, a educação, a cultura, a saúde e a mobilidade definhar graças a falta de segurança e de tranquilidade para o ir e vir. “Ganham”, temporária e erroneamente, os políticos eleitoreiros e a indústria bélica e de segurança, que veem no medo da população, a moeda de troca perfeita por votos e a promessa da “compra da paz” às custas do aumento da violência.

 

E como se tudo isso não bastasse, o Governador se sente à vontade para defender, como meio para combater a violência (?!), o uso de míssil contra moradores de favelas. Será que o Governador também já desejou jogar um míssil na Baixada Fluminense?

 

O Fórum Grita Baixada afirma que é desprezível essa postura e essa política. Espera-se que o governador tenha dignidade para representar o Estado do Rio de Janeiro e sua população. Repudiamos os parlamentares e demais políticos que aplaudiram tal pronunciamento, visando agradar o governador em seu discurso eleitoreiro vazio de sentido.

 

Convocamos a população a ficar de olhos e ouvidos abertos, pois enquanto nós sofremos com o abandono histórico do governo estadual e das prefeituras, com as eleições de 2020 se aproximando, eles já planejam as aparentes benesses que depois se voltarão contra nós.   
   
ASSINAM O DOCUMENTO:                                                                                                                                                  

1. Apadrinhe um Sorriso - Duque de Caxias
2. Casa Fluminense
3. Campanha Caveirão Não - Pelas Vidas nas favelas
4. Cedac – Centro de Ação Comunitária 
5. Centro dos Direitos Humanos de Petrópolis
6. Coletivo Minas da Baixada
7. Fase - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – RJ 
8. Fórum de Juventudes RJ

9. Fórum de Mulheres da Baixada 
10. Frente Estadual pelo Desencarceramento - RJ
11. Julho Negro
12. Justiça Global
13. Maré 0800
14. Movimenta Caxias
15. Movimento Candelária Nunca Mais

16. Movimento Pró Saneamento (MPS) 
17. Nica - Núcleo Independente Comunitário de Alfabetização - Jacarezinho
18. Observatório de Favelas
19. Pastoral Operária
20. Pré Vestibular Popular + Nós
21. Quiprocó Filmes
22. Rede de Comunidades e Movimento contra a Violência
23. Redenção Baixada
24. Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado na Baixada Fluminense
25. Reforma - Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas