15 de março 

NOTA PÚBLICA SOBRE A MORTE DA VEREADORA MARIELLE FRANCO 

 

 

Nós do Fórum Grita Baixada, exigimos que haja rigor nas investigações para apurar as causas do assassinato cruel e covarde da vereadora do PSOL, Marielle Franco, morta na noite de ontem (14/03). Mais um corpo negro, vindo da favela, que se torna alvo do processo de extermínio da população pobre. Marielle, ela própria uma sobrevivente das estatísticas que circundam as minorias, defendia os direitos dos marginalizados, exigia respeito e dignidade às populações invisibilizadas.

 

Na semana passada, o Fórum Grita Baixada construiu dois eventos correlatos ao Dia D da Proteção, em que representantes de programas de proteção a vítimas ameaçadas, a crianças e adolescentes ameaçados, não por acaso, também particularizavam o quanto defensores dos Direitos Humanos também necessitavam dessa política. Infelizmente, a morte de Marielle comprova esse triste fato.

 

Fruto da favela da Maré, do pré-vestibular comunitário, Marielle, de 39 anos, se formou em sociologia pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com foco nas UPPs.

 

Ativista dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, negras, lésbicas, faveladas ... perdemos uma das poucas e honrosas políticas comprometidas de verdade com as causas populares.

 

Marielle coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

A ativista decidiu pela militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário - justo o momento que lembrou nesta terça no evento com outras mulheres negras - e com a morte de uma amiga a tiros. Ela deixa ao menos uma filha de 19 anos.

 

Dias antes do assassinato, Marielle Franco havia criticado a ação supostamente violenta dos policiais na comunidade do Acari, no Rio. "Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu, na citação do jornal O Dia de quatro dias atrás.

 

Em 28 de fevereiro, ela havia se tornado relatora da comissão destinada a acompanhar a controversa intervenção federal. Uma imagem com a frase "não foi assalto" se espalhava rapidamente pelas redes na noite de terça-feira.

 

Marielle tinha acabado de sair de um evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”. Motorista Anderson Pedro Gomes que a acompanhava também foi assassinado.