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20 de outubro de 2018

Carta da Pastoral Operária da Diocese de Nova Iguaçu para o segundo turno das eleições 2018

 

“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” Jo 10,10.

 

Caríssimos irmãos e irmãs, paz e bem.

 

Esperamos que o Deus do amor, da justiça e da paz esteja com toda a sua família, protegendo-os e animando-os na caminhada da vida.

 

Como já é conhecimento de todos, a Igreja católica não escolhe ou indica candidatos, mas orienta os fiéis para a participação no processo eleitoral. Sendo assim, nós da Pastoral Operária temos a missão e o dever de contribuir com nossos irmãos e irmãs dentro dos valores do Evangelho. Além disto, a própria CNBB orienta os fiéis a não votarem em candidatos que pregam o ódio e a violência, e que não respeitam as minorias. O Papa Francisco pede também que nos afastemos daqueles que defendem as armas, a violência, que disseminam o ódio e não respeitam os mais pobres, os direitos dos trabalhadores, o direito dos Sem Teto e dos Sem Terra.

 

Nesse segundo turno das eleições estão em disputa “dois projetos contrários de governo para nosso país. “Um democrático e outro autoritário. Mas, como reconhecê-los? Como diferenciá-los? Quais são as propostas deles? Como se apresentam? O que já fizeram como cidadãos políticos?

 

Como cidadãos de uma sociedade democrática, nós cristãos católicos, temos o dever de escolher o mais coerente com os princípios do Evangelho. O critério para escolha deve ser aquele que têm como foco principal quem ajuda a erguer o pobre, o indefeso, o marginalizado, o injustiçado, o excluído.

 

O candidato que defende a democracia respeita todos os brasileiros e estrangeiros que vivem no país, incentiva a participação popular, apoia integralmente os direitos humanos, defende a revisão das “Reformas de Temer” (trabalhista, ensino médio, etc.), se compromete a revogar a Emenda Constitucional 95 que congela os gastos públicos com educação, saúde, moradia, saneamento básico, segurança, por 20 anos, propõe que os ricos paguem mais impostos que nós (os pobres), é a favor da garantia dos territórios indígenas e quilombolas, propõe realizar a reforma agrária, incentiva a Agricultura familiar, propõe uma política econômica de crescimento e geração de emprego, assumiu as propostas dos Bispos em reunião com a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), é favorável a uma educação pública, gratuita, laica e de qualidade, propõe melhorar o atendimento publico de saúde do SUS, pretende construir milhares de moradias para os mais pobres, propões desenvolver um sistema de segurança pública (inteligência e punição) investindo na formação cidadã dos policiais para que respeitem a população, propõe combater os desvios de verbas públicas e a corrupção através dos órgãos competentes, apoia a justa organização dos movimentos sociais e populares que lutam contra as injustiças sociais e por fim, se coloca a favor de participar de todos os debates nos canais de televisão.

 

Já o candidato autoritário tem um discurso, gestos e ações de violência, ódio e discriminação contra diferentes grupos da população como mulheres, os índios, os negros, homossexuais, sem terra, sem teto, nordestinos, enfim contra os pobres. Também é contra os direitos humanos, é a favor da pena de morte e da tortura, é contra a organização e reivindicação dos movimentos sociais e populares que desejam terra para plantar, casa para morar, escola para estudar, hospitais para serem atendidos e, diz que irá “colocar um ponto final nos ativismos do Brasil”, dos “Sem Terra”, dos “Sem Teto”, dos “Quilombolas”, não quer participar de debates nas televisões, como deputado federal em Brasília votou em leis que retiram direitos trabalhistas. No seu plano de governo é contra os diretos humanos, é favorável a liberalização da venda e porte de armas, fim do décimo terceiro, fundo de garantia, é favorável as privatização de empresas estatais (venda de nossas empresas públicas), a entrega da Amazônia para os EUA, propõe a “Reforma da Previdência”, a diminuição do Bolsa Família, a extinção de cotas nas universidades públicas e sua privatização, na segurança pública pretende militarizar ainda mais as policias, condecorar policiais que matarem criminosos, etc.

 

Por fim, os dois projetos estão mais do que claros, devemos então com discernimento votar no projeto da vida, pela democracia, pelo direito a todos de terem uma vida digna, com emprego, salário digno, respeito às diferenças e por um Brasil mais justo, solidário e fraterno.

 

Que Deus nos abençoe e ilumine.

Nova Iguaçu, 20 de outubro de 2018.