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A economista e sistematizadora de dados, Giselle Florentino, e a assessora de comunicação, Fernanda Nunes, representantes do projeto Direito à Memória e Justiça Racial do FGB

10 de maio de 2019 

Contranarrativas e resistências

Projeto Direito à Memória e Justiça Racial do FGB é convidado para debate na comunidade da Maré

 

Texto: Giselle Florentino, economista e sistematizadora de dados do projeto Direito à Memória e Justiça Racial, do Fórum Grita Baixada

Fotos: Assessoria de Comunicação do Observatório de Favelas

 

O Projeto Direito à Memória e Justiça Racial, do Fórum Grita Baixada, foi convidado para compor a mesa Movimentos, Fronteiras e Diásporas: Práticas de Re/construção de memória" no contexto das atividades do evento "Percursos Criativos para Culturas de Equidade" organizado pela GlobalGRACE Brasil, uma organização que estimula pesquisas sobre gênero e cultura, no Galpão Bela Maré. Uma oportunidade para debater e construir contranarrativas a partir da ótica da resistência, memória e justiça racial.

 

A mesa também contou com a participação de Lívia Vidal, Integrante do Coletivo Mulheres de Pedra que apresentou o filme Elekô, uma produção audiovisual que trata das condições de ser negra e mulher em um contexto de diáspora na construção cultural brasileira, a partir do porto, parindo do próprio sofrimento um horizonte emancipatório, reconhecendo e afirmando as potências e belezas do feminino negro.

 

Participaram também, MC Martina, poetisa do Complexo do Alemão, que contou sobre a sua vivência do Poetas Favelados, coletivo que reúne 15 artistas de áreas periféricas que organizam Slam como forma de instrumento para pensar a realidade da juventude preta, pobre e favelada, e Wallace Lino, ator e fundador da Cia Marginal, uma companhia de teatro com uma trajetória marcada pelo compromisso político de levar a arte da favela para o resto da cidade, do país e até do mundo.

 

Espaços de debates e discussões coletivas como Percursos Criativos para Culturas de Equidade são fundamentais para fomentar o protagonismo da juventude negra na construção de novas narrativas sobre direitos humanos e sociais na periferia e nas favelas.

 

Os processos de migração forçada, pilhagem e expropriação ocorridos durante a Diáspora Africana, determinada pelo estabelecimento de um regime escravocrata que garantia manutenção de interesses mercantis e de acumulação capitalista nos países europeus, não induziu o apagamento da ancestralidade africana.

 

Mesmo passando pela travessia do Atlântico em condições insalubres e tratados como mercadorias sendo paulatinamente desumanizados, o nosso povo resistiu e resiste até hoje. A Diáspora africana também resultou no processo de redefinição identitária, constituindo outras formas de pensar, ser e agir nos novos territórios americanos. As religiões africanas no Brasil são simbólicas deste processo de ressignificação.

 

O direito à memória e as narrativas contra hegemônicas é um eixo chave para fortalecer o protagonismo de jovens negros e periféricos e para fortalecer a luta por aqueles que foram mortos, evitando que sejam apenas estatísticas. Nesse sentido, as mães e familiares de vítimas são fundamentais para manter viva a memória e enfatizar a importância da valorização das vidas negras para combater o racismo e a violência letal.

 

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