FGB Visão Mundial 3.jpeg

22 de junho de 2018

Fórum Grita Baixada realiza debate sobre homicídios de jovens negros.

A convite da Visão Mundial Rio de Janeiro, atividade contou com participação de lideranças comunitárias

de Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Lins, Cidade de Deus, Maré e Santa Cruz.

 

Texto: Fransérgio Goulart, membro da coordenação ampliada do Fórum Grita Baixada

 

O debate iniciou-se, no último dia 20 de junho, com um convite para que os presentes assistissem ao filme “Queremos Ver os Jovens Vivos” da campanha Jovem Negro Vivo da Anistia Internacional (confira o vídeo abaixo). Logo após a exibição, o debate foi deflagrado a partir da pergunta: Por que naturalizamos as mortes/homicídios de jovens negros moradores de favelas e bairros de periferia no Brasil, inclusive nos próprios territórios de favelas, comunidades e bairros de periferias?

 

O debate foi intenso, com as lideranças comunitárias e a equipe da Visão Mundial participando ativamente. Para uma das técnicas da Visão Mundial,  isso se dá devido a criminalização do corpo negro e da pobreza.Uma das lideranças comunitárias presentes disse:" algumas pessoas pessoas até gostariam de denunciar esses homicídios, mas o próprio Estado onde deveriamos fazer, isso não é confiável."

 

Para maioria dos (as) presentes o racismo é o grande problema a ser enfrentado. Vale ressaltar que uma das lideranças presentes trouxe o discurso que falta vontade desse grupo de participar das ações e que eles reproduzem o racismo também.

 

Essa colocação gerou incômodo na maioria dos(as) presentes que responderam que não podemos fortalecer a meritocracia. O sistema racista e capitalista brasileiro sempre tenta construir narrativas e discursos dos quais os oprimidos são responsáveis por sua situação. Nesse momento o membro da coordenação ampliada do FGB disse: o fim do racismo só será possível com o fim da branquitude.

 

A coordenadora da Visão Mundial do Rio, Sueli Catarina, afirmou que “temos que pensar ações e políticas de reparações para população negra pela ferida e dor criada pelo processo escravagista no Brasil”. Sueli aponta, inclusive, que precisamos potencializar ações e políticas públicas de reparações como as cotas raciais e sociais e o bolsa família como estratégia para enfrentamento aos homicídios contra jovens negros no Brasil.

 

Outro ponto bastante refletido foi que é o Estado, o principal violador e executor/responsável por esses homicídios. Foi construída a perspectiva de que tráfico e milícias fazem parte do Estado e são dispositivos que o estado utiliza.

 

Terminamos com a pergunta: O que estamos fazendo? 

 

As lideranças comunitárias e a Visão Mundial colocaram que vem entendendo o espaço da escola e das famílias como prioritários para realizarem ações sobre essas e outras questões.

 

Esclareci que as ações do FGB passam por ações que vão desde a incidência política, como a Audiência Pública realizada pela Comissão dos Direitos Humanos da Alerj que irá acontecer sobre o tema no próximo dia 25 de junho, no Cenfor, em Nova Iguaçu, até a realização de denúncias ao Ministério Público e ao sistema interamericano dos Direitos Humanos. Outra estratégia/ação bastante colocada foi  o trabalho da Rede de Mães e familiares Vítimas da Violência do Estado na Baixada Fluminense com suas bandeiras de luta pelo direito a Memória e a Justiça. Terminei afirmando que um outro eixo de ações do FGB passa pela mobilização/formação pautado na educação popular para enfrentamento ao racismo , machismo e todas as outras opressões.


Ao término da reunião, o FGB se colocou à disposição como espaço para acolher de forma segura denúncias sobre homicídios dos jovens negros e todas as violências do Estado. Também ficou acordado que o que não podemos mais é deixar de falar disso, desse racismo e homicídios em todos os espaços que estamos e ocupamos, pois ao não falar o racismo, o conservadorismo se fortalece na sociedade brasileira.

 

FGB Visão Mundial.jpeg